Entre os dias 27 e 30 de maio, aconteceu na USCS a II Jornada Acadêmica de Educação Física. O evento, destinado a estudantes, profissionais e à comunidade interessada na área, foi realizado em parceria com o SESC São Caetano, com a Atlética do curso, e com a “Liga Acadêmica de Ciências do Movimento Professor Emédio Bonjardim”.
Com atividades teóricas e práticas distribuídas nos campi Barcelona, Centro e na Academia-Escola, a programação contou com palestras, mesas de debate, oficinas e apresentações. Oficinas de dança e atividades com diversos públicos, como os participantes da Universidade da Terceira Idade de São Caetano do Sul (Unimais) e da UniSênior/USCS, que integraram o Dia do Desafio, realizado em parceria com o SESC São CAetano. Também fizeram parte do evento as bancas de qualificação dos alunos do curso e a tradicional 14ª Mostra de Ginástica e Dança da USCS.
Entre as atividades da programação, a Oficina de Paradança, realizada no dia 29 de maio, na Academia-Escola, reuniu alunos, professores e participantes da comunidade para discutir e vivenciar a inclusão por meio da atividade física.

O professor José Ricardo Auricchio, docente da USCS e responsável pela disciplina de Inclusão no Esporte, foi o organizador da oficina. Com mais de 15 anos de atuação na área de atividades adaptadas, destacou a importância de trazer profissionais de renome, como um técnico da Seleção Brasileira de Goalball, um representante da Seleção de Rúgbi em cadeira de rodas, um especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA) e uma das pioneiras no trabalho com pilates para pessoas com deficiência.
O professor também compartilhou uma experiência marcante que o levou a atuar na área: “Certa vez, em uma outra instituição, percebi que uma aluna, durante uma aula de dança, apenas balançava a cabeça enquanto os demais se movimentavam. Ao perguntar por quê, ela respondeu que esse era o único movimento que a professora tinha indicado para ela. Aquilo me tocou profundamente e me fez buscar formação na área de cadeiras de rodas. Essa aluna participou, inclusive, do meu Trabalho de Conclusão de Curso”.
Para ele, a Educação Física tem um olhar diferenciado: “Nós não trabalhamos com as limitações, mas sim com as potencialidades de cada um. O que a pessoa consegue fazer é o ponto de partida para o nosso trabalho”.
José Ricardo também celebrou o sucesso do evento e o envolvimento dos alunos: “Recebi muitos feedbacks positivos. Isso mostra que precisamos fazer mais, discutir mais e seguir incentivando a inclusão no esporte”.
Cintia Lima, presidente e fundadora do Solidaridança, ressaltou que o impacto da dança vai muito além do movimento. “A dança é um meio de transformação social. Ela promove a aquisição de direitos, a ocupação de espaços e, acima de tudo, dignidade. Faz com que cada pessoa perceba seu potencial e se torne protagonista da própria história”.

Ela também compartilhou a trajetória emocionante de Verônica, que chegou ao projeto com apenas cinco anos, cadeirante e soropositiva, após engasgar-se ainda bebê. “Hoje, aos 24 anos, ela é bailarina da companhia, vive da dança e inspira muitas pessoas. Mesmo após perder os pais, ela transformou sua própria história. É uma motivação diária para todos nós e protagonista da sua própria história”.
William Truppel, jornalista de 39 anos, com paralisia cerebral, participou pela primeira vez de uma oficina de dança e relatou a experiência com bom humor e alegria: “Sempre gostei de esportes, mas dançar era uma novidade. Brinco que meu movimento era só levantar dois dedinhos pra cima (risos), e agora consegui fazer muito mais. É incrível perceber como a dança também pode fazer parte da minha vida. Precisamos dar mais visibilidade para os esportes Paralímpicos e para a Paradança”.
Ele também destacou o impacto da atividade física em sua vida: “Faço academia com o professor Ricardo na USCS e isso me ajuda muito no condicionamento físico, fortalecendo braços e pernas”.

Walmor Truppel, pai de William, destacou a importância de participar de atividades como essa: “É fundamental para descobrir novos horizontes, especialmente no caminho esportivo”.
Valdir de Sousa Santos, de 36 anos, sofreu um acidente na construção civil há 12 anos, que resultou em uma lesão na coluna (T12 L1 e L5), tornando-o paraplégico. Hoje, ele é exemplo de superação: “Após o acidente, conheci o Instituto ‘Faca na Cadeira’ e o esporte ‘WCMX’ que pratico e foi um divisor de águas na minha vida. Antes, eu não tinha liberdade, sentia medo. Com o esporte, ganhei força, agilidade e, principalmente, independência. Hoje, se eu cair no chão, monto minha cadeira sozinho e sigo em frente. O esporte não é sobre dinheiro, é sobre autonomia. Minha cadeira é o meu carro, me leva pra onde eu quiser”.

Participar da oficina de dança foi um desafio que ele superou com alegria: “Nunca tinha dançado e adorei! Quero continuar, porque é um desafio novo que me fortalece”.
Ana Luiza Correa Santiago, estagiária recreacionista, também viveu um momento de aprendizado. “Me colocar no lugar do cadeirante durante as atividades foi muito desafiador. Eu, que só sei dançar com as pernas, precisei descobrir como dançar usando outros movimentos. Foi muito enriquecedor”.
Veja mais fotos do evento:
Dia 30/5 – sexta-feira






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