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Pós Stricto Sensu

Acervo de Trabalhos Finais - 2022


Autor(a) Cristiana Nunes Carvalho
Orientador(a) Carlos Alexandre Felício Brito
Título PRECEPTOR DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA: UM PROFISSIONAL (DES)CONHECIDO?
Resumo Alterações epidemiológicas, políticas e sociodemográficas alavancam mudanças nos sistemas de saúde de diversas localidades, sendo importante ressignificar o modelo do ensino médico. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de 2014 para o curso de graduação em Medicina surgiram devido às críticas ao modelo tradicional. A inserção dos educandos em cenários de prática, como a Atenção Primária à Saúde (APS), vem sendo utilizada para fomentar a aplicação do conhecimento na prática e a formação reflexiva. Diante desse contexto, é fundamental olhar para o preceptor, um profissional cujo perfil de competência deveria ser composto por desempenhos nas áreas de Atenção, Educação e Gestão em Saúde. Objetivo geral: identificar o perfil dos preceptores da graduação em Medicina que atuam no SUS. Metodologia: A pesquisa possui abordagem mista, com perspectiva filosófica ancorada nas concepções construtivista e pragmática, realizada por meio de uma pesquisa intervencionista com método misto convergente. A análise quantitativa dos dados foi realizada por meio da frequência absoluta e percentual, e a análise qualitativa foi realizada por meio da técnica Análise de Conteúdo Automatizada, com apoio do Software Iramuteq. Além disso, uma revisão integrativa de literatura visando evidenciar o perfil do preceptor atuante em graduação e sua aproximação ao uso das metodologias ativas também foi realizada. Resultados: Analisado que se trata de uma população heterogênea quanto à distribuição por gênero; a maioria é composta de pessoas na faixa etária dos 40 aos 49 anos (50%), médicos (66,8%), com especialização Lato sensu (58,3%). Acerca do aspecto qualitativo, três classes foram identificadas: “Conhecimento e Aprendizado”; “Caso”; e “Compartilhar”. Conclusão: A literatura acumulada ao longo dos 80 anos de preceptoria no Brasil demonstra a evolução do ensino médico, a importância da APS como campo de ensino, a existência do profissional educador em serviço e ferramentas pedagógicas possíveis de utilização durante a preceptoria, porém cada um desses eixos possui desafios próprios. No âmbito desta pesquisa é importante destacar a necessidade da mudança de uma imagem do preceptor ancorada no domínio de conteúdo para um profissional capaz de construir relações horizontais e inserção no território, além de um maior domínio das ferramentas pedagógicas. Sendo assim, é fundamental para seu alcance o investimento na construção de um perfil de competência e de um processo formativo, pois o cuidado também é um ato pedagógico.
Palavras-Chave Preceptoria; Aprendizagem Baseada em Problemas; Educação Médica; Capacitação Profissional.
Ano 2022
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Autor(a) Cristina Esteves
Orientador(a) Sandra Regina Mota Ortiz
Título ORIENTAÇÃO PARENTAL NOS TRANSTORNOS MOTORES DE FALA: UMA ANÁLISE DA PRÁTICA CLÍNICA DE FONOAUDIÓLOGOS E ELABORAÇÃO DE GUIA PRÁTICO
Resumo Na atuação fonoaudiológica infantil, junto ao diagnóstico de transtornos motores da fala, é importante desenvolver uma relação de parceria e colaboração terapêutica com a família. A adesão dos familiares às orientações tem como objetivo promover uma prática extra ao contexto clínico e poderá oferecer um impacto substancial no sucesso do tratamento. Diferentes estudos na América do Norte e Europa têm relatado que as abordagens indiretas, dentro das terapias de linguagem, têm sido cada vez mais empregadas e a intervenção direta costuma ser restrita a casos mais graves de Transtornos dos Sons da Fala. É importante que compreendamos mais profundamente a prática colaborativa com os pais, como ela pode ser alcançada e como pode impactar os resultados. Objetivo: Este estudo objetivou compreender como a orientação parental fonoaudiológica nos transtornos motores de fala acontece na prática, assim como a elaboração de um guia prático com o intuito de auxiliar nas práticas educacionais dentro do tratamento de transtornos motores de fala e na prática clínica dos profissionais de fonoaudiologia. Método: Os 95 fonoaudiólogos preencheram um questionário online, desenvolvido exclusivamente para esta pesquisa. O questionário foi elaborado na plataforma Google Forms TM; com questões objetivas, para investigar desde os dados demográficos, incluindo questões sobre a prática clínica fonoaudiológica e conhecimentos sobre os Transtornos Motores da Fala (TMF), até sobre quais os instrumentos utilizados para efetivar a orientação parental. O questionário ficou aberto durante 45 dias e o convite foi realizado através de redes sociais. O tempo médio empregado para responder este questionário foi de 10 minutos. O estudo caracteriza-se por ser do tipo exploratório, transversal, descritivo, quantitativo. Para a análise, após sua finalização, os dados dos sujeitos foram tabulados individualmente e assim passaram por tratamento estatístico e descrição quantitativa. Posteriormente os dados foram selecionados e submetidos à análise de correlações entre os itens (coeficiente de correlação de Pearson). Resultados: foi possível verificar que 97,9% dos profissionais que realizam o tratamento de TMF na infância utilizam a orientação parental. Considerações Finais: Com os dados da pesquisa, ficou evidente que a intervenção fonoaudiológica brasileira, representada neste estudo, têm utilizado os mesmos referenciais teóricos em TMF de autores internacionais.
Palavras-Chave Fonoaudiologia; Reabilitação dos Transtornos da Fala e da Linguagem; Integralidade à Saúde; Qualidade da Assistência à Saúde; Educação Parental.
Ano 2022
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Autor(a) Gabriel Netto Marquez de Siqueira
Orientador(a) Rosamaria Rodrigues Garcia
Título INTEGRALIDADE DO CUIDADO NO ENSINO SUPERIOR DOS CURSOS DA ÁREA DA SAÚDE
Resumo Introdução: apesar dos avanços no ensino superior em saúde, ainda predominam os currículos tradicionais, fragmentados, em que se valoriza a especificidade, a especialidade, dificultando o olhar interdisciplinar do cuidado e a atuação em equipe, mesmo que as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos na área da saúde preconizem a formação integral e integrada. Objetivo: desenvolver uma tecnologia educacional com o intuito de contribuir na orientação dos docentes a trabalharem a temática integralidade na área da saúde, a partir das percepções de graduandos de uma universidade municipal. Metodologia: estudo prospectivo, transversal, descritivo, de abordagem quantitativa, com amostra não probabilística, selecionada por conveniência, sendo incluídos alunos matriculados nos últimos dois semestres dos cursos de graduação em Educação Física, Farmácia, Fisioterapia, Enfermagem, Nutrição, Psicologia e Odontologia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Foi aplicado de forma remota um instrumento com questões objetivas sobre conceitos de integralidade, clínica ampliada, interdisciplinaridade, ministrados ao longo da graduação. Além disso, havia uma autoavaliação sobre competências desejáveis para o exercício de atividades no contexto interdisciplinar do cuidado. A partir da análise desses resultados foi criado um guia de boas práticas, denominado “Guia de Boas Práticas de Ensino de Integralidade na área da saúde”, onde há a parte teórica relacionada com o tema central e atividades que podem promover um melhor aprendizado dos discentes em relação ao tema, com base em metodologias ativas. Resultados: participaram 133 estudantes, sendo 36 homens e 97 mulheres. Verificou-se que 69,6% afirmaram que os conceitos de integralidade e clínica ampliada foram tratados frequentemente ou com muita frequência durante o curso; 71,4% presenciaram ou tiveram contato com práticas interdisciplinares na graduação. Observou-se que 83 alunos (62,4%) responderam que estariam preparados para trabalhar em equipes interdisciplinares; 50 participantes (37,6%) responderam que não se sentiriam preparados. Entre 15 e 20% dos participantes se sentem pouco capazes ou incapazes de trabalhar em equipe; respeitar a opinião dos colegas; contribuir positivamente nas discussões e tarefas; favorecer a participação de colegas nas discussões; e de ter flexibilidade diante de conflitos e discordâncias. Considerações Finais: os achados apontam para a necessidade de revisão das práticas de ensino em saúde relacionadas à atuação interdisciplinar, evidenciando que apesar das diretrizes preconizarem a formação generalista e integrada, ainda há discentes que se sentem despreparados e incapazes de atuar em equipe, sendo imprescindível reforçar princípios do cuidado integral e interdisciplinar, valorizando a atuação em equipe.
Palavras-Chave Ensino em Saúde; Interdisciplinaridade; Integralidade em Saúde; Clínica Ampliada; Qualidade da Assistência à Saúde.
Ano 2022
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Autor(a) Humberto Molinari
Orientador(a) Amanda Costa Araujo
Título DIMINUINDO DISTÂNCIAS: INOVAÇÕES ORIENTATIVAS NA ABORDAGEM DOS PACIENTES AMBULATORIAIS VISANDO MELHORAR A ADERÊNCIA AO TRATAMENTO DE PATOLOGIAS GASTROENTEROLÓGICAS
Resumo O ambulatório tem como função primordial dar continuidade aos atendimentos de casos encaminhados das unidades básicas de atendimento à população. Dentre as patologias mais frequentes na área de gastroenterologia destacam-se as dispepsias funcionais e as gastrites. Um problema observado na experiência do atendimento ambulatorial é que a aderência ao tratamento preconizado pelo médico ao paciente em muitas vezes pode ser comprometida pelo distanciamento temporal (delta T consulta) entre a primeira consulta e o retorno. Objetivos: Propor novas abordagens para melhorar a aderência dos pacientes ao tratamento preconizado para dispepsias funcionais e gastrites. Método: Estudo quali- quantitativo, com envio de vídeos orientativos, para pacientes com dispepsia funcional e gastrite. Este estudo foi realizado nas dependências do ambulatório regional de especialidades de saúde. Foram direcionados 3 vídeos orientativos, por WhatsApp, um por semana, ao longo de 3 semanas após a primeira consulta de cada paciente. Resultados: A amostra abrangeu 50 pacientes, com dados coletados entre os meses de março a outubro de 2021. Foram 35 pacientes do sexo feminino (70%) e 15 do sexo masculino (30%). A média de idade foi de 55,7 anos (15,3). A predominância (48%) teve como nível de escolaridade o ensino médio. Todos obtiveram o diagnóstico inicial de dispepsia a esclarecer, sendo que a maior parte foi de algum tipo de gastrite (62%) no diagnóstico final. Também foi avaliado o Delta T consulta, com média de 10,6 semanas (1,9). O questionário pré-vídeos, de 4 perguntas, foi respondido, evidenciando que 30% dos pacientes ficam em dúvida sobre sua doença e em relação ao tratamento e aguardam o retorno a uma nova consulta para dirimir essas dúvidas com seu médico. No questionário pós-vídeos, de 9 perguntas, as respostas mostraram que 82% dos pacientes melhoraram com o tratamento, 44% reportaram mudança alimentar como importante para a melhora, 98% entenderam os vídeos, 74% acharam que o método poderia ser utilizado para outras especialidades e 90% indicariam esse método para outras pessoas. Discussão: Compararam-se os dados da caracterização dos pacientes com aspectos da prevalência nacional e estatísticas internacionais recentes, mostrando similaridade e compatibilidade. Na análise dos resultados das respostas ao questionário pré-vídeos foi observado que o grande espaçamento entre uma consulta e outra compromete o entendimento dos pacientes, dificultando sua aderência ao tratamento; no segundo questionário, pós-vídeos, ficou evidente que os pacientes se sentiram mais próximos do saber médico pelas informações recebidas nos vídeos. Procurou-se também discutir comparativamente com outros estudos na literatura, observando-se críticas construtivas e comparações favoráveis, assim como futuros encaminhamentos, como validação dos textos orientativos e dos vídeos orientativos. Conclusão: A orientação ao paciente é fundamental como estratégia para o melhor entendimento de sua doença e o tratamento proposto pelo médico. Uma abordagem inovadora para isso é apresentada através do produto resultante do estudo deste trabalho. Pôde ser observado que o produto estimulou uma melhor relação médico-paciente. Estudos com uma casuística maior que a utilizada poderá no futuro dar validação aos textos orientativos, vídeos orientativos e questionários utilizados.
Palavras-Chave aprendizagem; integralidade em saúde; aderência ao tratamento; dispepsia funcional; gastrite.
Ano 2022
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Autor(a) Marcel Luiz Brunetto
Orientador(a) Amanda Costa Araujo
Título AVALIAÇÃO DA INDICAÇÃO DE TRANSFUSÃO DE CONCENTRADOS DE HEMÁCIAS CONFORME A PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS E ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO TÉCNICO
Resumo A transfusão sanguínea e hemocomponentes é um recurso muito importante na prática médica, podendo salvar muitas vidas. O uso clínico do sangue e dos produtos sanguíneos requer profundos conhecimentos teóricos e práticos da medicina transfusional. A prática baseada em evidências é a integração entre a melhor evidência científica disponível, valores e preferências únicos de cada paciente e a experiência clínica do profissional, estruturando uma melhor prática clínica. Reações transfusionais podem ocorrer em graus variados, que podem ou não resultar de desvios de procedimentos ou políticas de segurança transfusional. O pouco conhecimento em transfusão de sangue entre os profissionais pode reduzir a segurança dessa terapia. Estudos têm identificado falhas na relação entre o conhecimento médico sobre medicina transfusional e o uso adequado dessa terapia. Objetivos: avaliar se as indicações de transfusão de concentrados de hemácias em um hospital de grande porte de São Paulo seguem as recomendações baseadas em evidências, bem como elaborar um relatório técnico para propor a inclusão do tema na grade curricular médica. Método: Estudo retrospectivo baseado em obtenção de informações através das fichas de requisições de procedimentos Hemoterápicos da COLSAN – Associação Beneficente de Coleta de Sangue. Resultados: foram avaliadas 229 fichas de requisição, no período de setembro a outubro de 2021, a idade média da amostra foi de 56,9 anos  16,4, composta em sua maioria por homens (54,6%). As unidades de terapia intensiva foram os locais com maior número de requisições (52,4%). Anemia sintomática foi a maior indicação de transfusão (70,7%), seguida por sangramento ativo (24,5%). Dentre as comorbidades, as neoplasias (27,9%) foram as mais prevalentes. A média dos valores de hemoglobina foram de 6,84g/dL  1,13 e a média dos valores de hematócrito foram de 21,0%  3,42. O valor absoluto de hemoglobina foi maior que 7,0g/dL em 40,6% das 229 fichas, e 10,5% do total com valores iguais ou superiores a 8,0g/dL. Foi elaborado como produto um relatório técnico com conceitos atuais, baseado em evidências, sobre a indicação de transfusão de hemácias, que propõe a inserção desse tema na grade curricular do curso de medicina. O relatório será disponibilizado na eduCAPES para consulta por docentes de outras universidades, propondo a inserção desse tema. Discussão: Esses dados apontam para uma estratégia não restritiva, sugerida como prática clínica, por revisões sistemáticas. Mais da metade dos pacientes foram transfundidos em unidade de terapia intensiva e estudos publicados nesse cenário apontam para a redução da mortalidade em 30 dias para a estratégia restritiva. Para doentes cirúrgicos, autores sugerem que uma estratégia liberal pode não diferir ou até ser benéfica para esse grupo, indicando a necessidade de mais estudos nessa população. No contexto de ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas não há um consenso sobre um gatilho transfusional que atenda a todos indivíduos e cada subgrupo de patologias deve ser avaliado por estudos específicos. Conclusão: a indicação de transfusão de concentrado de hemácias não segue completamente as recomendações das práticas baseadas em evidências na amostra estudada. O estudo serve como base para elaboração de relatório técnico e, em parte, como referencial teórico para elaboração de plano educacional, fomentando a incorporação de medicina transfusional no currículo médico.
Palavras-Chave Educação superior; capacitação profissional; medicina transfusional; educação médica; prática baseada em evidências.
Ano 2022
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Autor(a) RONALDO JOSÉ DE OLIVEIRA CORREIA
Orientador(a) Carlos Alexandre Felício Brito
Título O DESENVOLVIMENTO DE UMA ATIVIDADE GAMIFICADA PARA O ENSINO DE RACIOCÍNIO CLÍNICO EM NEFROLOGIA.
Resumo O desenvolvimento da competência de raciocínio clínico e o ensino de nefrologia são desafios presentes no ensino médico, que podem se beneficiar do uso de metodologias ativas em geral, incluindo o uso de atividades gamificadas. Objetivo: Desenvolver uma atividade gamificada (jogo sério) para o ensino de raciocínio clínico dentro da área de nefrologia. Metodologia: Foi desenvolvido um jogo de cartas, através da metodologia de Design Science Research (DSR), com posterior aplicação a 42 alunos entre o nono e o décimo segundo semestre do curso de medicina. Foi realizada avaliação do jogo desenvolvido, de forma quantitativa, através de um questionário baseado no modelo de avaliação de programas de treinamento de Kirkpatrick; e qualitativa, através de análise de conteúdo automatizada. Resultados: O Conhecimento adquirido durante a aplicação do jogo educacional teve relação positiva (r=0,799) ao ensinar conteúdos sobre a área de nefrologia. As variáveis com maior correlação com a percepção de aquisição de conhecimento foram satisfação e relevância. A atividade foi considerada pelos alunos como de objetivo claro, convidativa e geradora de engajamento. Conclusão: O objetivo desejado foi alcançado contando com o desenvolvimento de uma ferramenta educacional viável para uso cotidiano, no formato de um jogo sério, voltada ao ensino do raciocínio clínico em nefrologia.
Palavras-Chave Educação Superior; Gamificação; Jogo Sério; Nefrologia; Capacitação Profissional.
Ano 2022
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Autor(a) Rosana Marques Ferro Martins Leite
Orientador(a) Prof. Dr. Daniel Leite Portella
Título COMPARAÇÃO ENTRE DISPARADORES UNIMODAIS E MULTIMODAIS A PARTIR DE UM INSTRUMENTO SOBRE PENSAMENTO CRÍTICO EM ESTUDANTES DE MEDICINA
Resumo Introdução: O pensamento crítico (PC) é um componente importante no desenvolvimento de competências, mas ainda pouco sistematizado e operacionalizado nos currículos médicos. Para além da operacionalização do raciocínio clínico, o desenvolvimento do PC articula partes interessadas, expectativas sociais, referenciais teóricos e aspectos éticos e humanísticos em prol das melhores decisões em saúde. Disparadores educacionais são definidos como estímulos cognitivos estruturados voltados à motivação e aos objetivos de aprendizagem. Os materiais multimodais têm demonstrado potencial de gerar engajamento e PC. A discussão sobre como selecionar e produzir disparadores adequados é igualmente crucial. Materiais educacionais que facilitem o exercício do PC tem sido objeto de pesquisas em todo o mundo. O objetivo deste estudo foi observar o desempenho de disparadores unimodais e multimodais em elicitar PC entre estudantes do 3º ano do curso médico. Metodologia: Estudo transversal em amostra de conveniência, não aleatória, de natureza aplicada e abordagem quanti-qualitativa. Os temas movimento antivacina e eutanásia foram escolhidos pela complexidade e caráter interdisciplinar. Os 28 estudantes incluídos foram divididos em dois grupos: SP (Situação-problema) escrita sobre eutanásia (n=21) + vídeo antivacina (n=21) e SP escrita antivacina (n=7) + vídeo sobre eutanásia (n=7). O instrumento de coleta foi adaptado do RED Model’s Critical Thinking Skills Framework e utilizado para avaliar os disparadores. Foi aplicada estatística descritiva e comparativa para verificar possíveis diferenças entre os dois modelos de disparadores. Resultados: Na análise quantitativa, o desempenho dos disparadores multimodais foi superior aos unimodais (p=0,004) com tamanho do efeito médio. Na análise qualitativa, o vídeo sobre eutanásia gerou categorias de conhecimentos prévios (CP) como informações pregressas sobre o tema e experiências sobre essa prática; elicitou categorias de PC como argumentação lógica, parcimônia na emissão de juízos e opiniões e percepção ampliada do problema. O vídeo antivacina elicitou CP como risco da não-vacinação e aumento das taxas de doenças infectocontagiosas. Aproximou-se de categorias de PC como a percepção da pluralidade de opiniões e de partes envolvidas, percepção ampliada, capacidade de argumentação e abertura ao diálogo. A SP escrita sobre eutanásia despertou CP similares aos do vídeo e elicitou elementos de PC como o respeito à autonomia do paciente e de seus familiares e risco jurídico para profissionais e instituições. A SP antivacina suscitou CP como evidências da saúde pública e bolhas alimentadas por fake news ou por motivações ideológicas. Disparadores unimodais escritos são classicamente empregados nos currículos da saúde e ainda se mostraram eficazes neste estudo. Adicionalmente, tanto os disparadores multimodais quanto os unimodais apresentam potencialidades e especificidades inexploradas. Além disso, aspectos da interação particular e preferências de estudantes e docentes com os materiais devem ser considerados. Conclusões: Conclui-se que os disparadores multimodais se mostram efetivos e promissores na mobilização de CP e estímulo ao PC. O componente emocional nos disparadores multimodais pode potencializar o PC e engajamento dos estudantes. Recomenda-se que a construção e análise dos disparadores seja orientada pelos objetivos educacionais, tecnologias semióticas e capacitação docente em humanidades médicas.
Palavras-Chave Currículo; Pensamento Crítico; Educação Superior; Pessoal de Saúde/Educação; Capacitação Profissional.
Ano 2022
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Autor(a) Sarah Beatriz Obadovski Alves Nascimento
Orientador(a) Amanda Costa Araujo
Título A PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS MELHORA O APRENDIZADO CLÍNICO DE ESTUDANTES DE MEDICINA: UM ESTUDO ANTES E APÓS CAPACITAÇÃO
Resumo Introdução: No final do século XX se iniciou o movimento da Medicina Baseada em Evidências, a partir de inquietações e necessidades vivenciadas na experiência pessoal de profissionais de saúde e de movimentos políticos de organização de sistemas de saúde com cobertura universal, muito em função da demanda generalizada por mudanças na formação profissional. Nos últimos 20 anos, a Prática Baseada em Evidências, termo expandido para incluir outras áreas da saúde, está sendo cada vez mais integrada como um componente central no currículo de graduação, pós-graduação e programas de educação continuada em saúde no mundo todo. Objetivo: Comparar o desempenho dos alunos na resolução de casos clínicos antes e após capacitação em Prática Baseada em Evidências. Materiais e Métodos: Estudo longitudinal, com aplicação de casos clínicos e teste de Fresno de Medicina Baseada em Evidências antes e após a capacitação dos estudantes de medicina. Resultados: A amostra foi composta por 29 alunos, sendo 15 (51,7%) do sexo masculino e 14 (48,3%) do sexo feminino. A idade média foi de 22,8 anos ( 2,9). A maioria dos alunos estavam no oitavo semestre (51,7%). Em todos os casos clínicos houve diferença estatisticamente significante antes e após capacitação em Prática Baseada em Evidências no grupo estudado (Z=-4,52, Z=-3,94, Z=-3,46, Z=-4,62, com p<0,01, respectivamente). No teste de Fresno, houve diferença estatisticamente significante antes e após capacitação em Prática Baseada em Evidências (Z=-4,70, P<0,01). Discussão: Ao comparar as medianas das notas que os participantes do estudo obtiveram, analisadas pelo teste de Wilcoxon, observou-se uma melhora no desempenho dos alunos após a capacitação, com diferença nas notas estatisticamente significante em todos os testes clínicos e no teste de Fresno. Produto: Sequência didática com a metodologia criada neste estudo para capacitação em Prática Baseada em Evidências. Considerações finais: A Prática Baseada em Evidências melhora o aprendizado clínico de estudantes de medicina. Sugere-se que novos estudos com uma casuística maior e em outros grupos de alunos sejam realizados para confirmação dos resultados obtidos.
Palavras-Chave Prática baseada em evidências; Medicina baseada em evidências; Educação superior; Aprendizagem; Traumatologia.
Ano 2022
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